sexta-feira, 30 de abril de 2010


Estava realmente bem nervoso...fazia tempo que nao me sentia assim... um caldeirao de emocoes na cabeca e ainda tinha a despedida dos meus pais na estacao de trem, parecia ate cena filme.


Olhei para tras, dei o ultimo adeus, respirei fundo e parti em busca do meu vagao. 32, 30, 29..."hei, amigo, vc tambem e brasileiro, nao e?...pelo amor de deus, como funciona esse negocio aqui?", um atordoado brasileiro, parecendo eu a dias atras, me pedia ajuda.


Com firmesa e seguranca, expliquei onde era o vagao, mostrei que eles nao tinham valiado o bilete e que nao se preocupassem, pois o trem so saria em 20 minutos. Tanta seguranca, que eles passaram o resto da viagem, achando qu eu ja tinha feito o caminho mais de uma vez..rsrs. Reafirmando o "poder do acaso", todas aquelas pessimas e engracadas experiencias com os trens na Europa, tinham me preparado para esse momento. Por isso que eu sempre digo... as cagadas da vida, viram apredizado, para quem sabe olhar para o lado bom delas...sem contar que vira historia para contar, ne?


No caminho pela plataforma; era possivel ver outros peregrinos, facilmente representados por suas roupas, botas, mochilas e claro a concha, simbolo utilizado para "marcar", os chamados "concheiros"... e agora, eu era um deles.


Curiosamente, eu, os tres brasileiros e mais um que vim conhecer no meio da viagem, estavamos no mesmo vagao. Dessa vez de TGV, logo, reconheci o lugar para colocar a bicicleta(que eu tinha decido levar desmontada, devido as ultimas ocorrencias...rsrsr) e fui para a minha confortavel poltrona. Minha poltrona era virada ao contrario, e olhando para Paris, o trem comecou a se mover. Ficava para atras a primeira etapa da minha viagem. Comecei a lembrar de muita coisa aue tinha passado nesses poucos e intensos dias e de novo deu vontade de chorar(acho que to ficando igual a minha mae...rsrs..uma manteiga..), olhava pela janela e derrepente uma lua inacreditavelmente linda descurtinou pelo vidro. Tive a certeza de que muita coisa ainda estava por vir...
A viagem pela madrugada foi suave e consegui dormir tranquilo, acordei perto das 6hs da manha. As 6:30, chegamos a Bayonne e ate o horario do onibus para Saint Jean (8:10hs), trocamos ideias, experiencias e percebi que na estacao, era o unico de bicicleta.

Cabecas, em sua maioria brancas, esperavam ansiosamente pelo "autocar", que nos levaria ao inicio da caminhada.





Acreditem ou nao, a "Dn.Maria"(sem nenhum preconceito, so relatando um fato..rsrs), conseguiu se perder na ida para a cidade, sim, a motorista do onibus...nao sabia o caminho. Algumas rotatorias depois, estavamos com a "proa" apontada para Saint Jean Pied de Port.

Chegamos na cidade e o ponto do onibus ficava um pouco distante do centro, imaginava o martirio que iria ser carregar aquela tralha pelas ladeiras do vilarejo. Carregar? Mas calma ai, eu estou de bicileta! Parei no meio da rua, na frente da casa de uma senhorinha, que olhova assustada pela janela, abri o mala bike e comecei a montar a bicicleta ali mesmo, aproveitando a tregua da chuva, me despedi dos amigos brasileiros(que pretendinhqm andar hoje mesmo ate o primeiro ponto - 8km),montei rapidinho a bike e sai...pedalando!



Com o mala bike na garupa, pensava como iria me livrar daqueles 4 quilos, agora, temporariamente sem utilidade.



Na terceira rua que virei, dei de cara com o correio, nao pensei duas vezes. "Querida, quero mandar isso para Santiago.", "Mas para qual endereco.", "Nao sei, qualquer um", bom e ao que tudo indica...vejo a mala, no correio central de Santiago de Compostelas, dentro de alguns dias.


Agora era hora de arrumar um lugar para dormir, diferente de meus novos amigos, minha ideia era me presentear com uma boa cama, um bom chuveiro e uma saborosa comida. So partirei amanha.

Por 68 euros(o mais caro aue paguei ate o momento), consegui um bom hotel, bem localizado e com todos os requesitos que queria.

Sai para conhecer a cidade e ir no local de assistencia aos peregrinos receber meu primeiro carimbo. Como se fosse um passaporte, a credencial da direito a dormir nos refugios publicos e os carimbos sao a comprovacao de que voce passou por aqueles lugares. Depois de pegar informacoes e dicas com a voluntaria, pude ler na parede da umida "garagem", que no ano de 2009, 413 brasileiros passaram por aqui. Agora em 2010, ja fazia parte da proxima estatistica.

Andei um pouco mais, comprei uma boa capa de chuva( pois alem do tempo bem mais frio que Paris, as nuvens carregadas, nao estao ajudando muito...) e a ideia hoje e descansar para sair bem cedo amanha.

Estou um pouco ansioso para encarar os Pireneus. Amanha tenho que subir um desnivel de 1400m, em 27 quilometros. Nesse primeiro trecho(um dos mais dificeis), nao temos muitos pontos de reabastecimento de agua, nem de comida e depois de tudo que li, temo ele desde o primeiro dia que
resolvi encarar essa...e vou encarar...so tinhosooo! rssrr.


Bom, vou procurar um "marche", para fazer um pequeno farnel para amanha, revisar a bike na garagem do hotel, tomar uma sopa quente e tentar dormir...claro...se o fantaasma do Pirineu, assim deixar...rsr.


bjs e ate o proximo post...espero eu, ja na Espanha,

Gian Carlo Bellotti






quarta-feira, 28 de abril de 2010

Last night em Paris...e partindo...



Depois do rapido retorno a Firenze e um passeio pela cidade...agora com minha menina...fui para a estacao central para embarcar para Paris. Tinha perguntado a tres pessoas, se era possivel embarcar para a Franca com a bicicleta montada, cada um me disse uma coisa. Faltando 7 minutos para embarcar, descubro que nao seria possivel entrar no trem com ela montada. Resumindo... a operacao que levou um dia para ser feita no Brasil, teve que ser feita em cinco minutos. Com a ajuda de meus pais, em tempo recorde, ela foi parar dentro do mala bike. Com 30kg nas costas(bike, alforges e acessorios), tive que sair correndo pela estacao...e para melhorar...estava sozinho no ultimo vagao; O trem era... como eu posso dizer... uma merda...rsrsr. Comprado pelo Brasil, tinhamos embarcado no "trem da central". E pela frente, pelo menos 10 horas de viagem.

Entrei no trem...Argelinos, Arabes, Franceses, Italianos e um Indiano, deitado no meu lugar...eu mereco! Fui arrumar um lugar para encostar o mala bike, pois nao haviam armarios para isso e por uma indicacao de um funcionario, tive que deixar na porta de saida do trem, entre um banheiro desativado e o maquinista. A noite foi bem cansativa. Tive que dividir minha cama com linha bagagem( pelo menos nao era o indiano ) e a cada parada que o trem fazia, acordava preocupado com ela, tadinha... sozinha.



Bom, 12 horas depois, chegamos a Paris. Eu parecia que tinha sido mastigado por um rinoceronte, estava um bagaco e nao resisti a ir aohotel dos meus pais, deixar a bike, tomar um banho, enfim relaxar... enfim... Cidade Luz.

(Paris, dias atras) Confesso que a volta a uma grande cidade foi um susto, vinha de dias em lugares muito isolados e demorei um pouco a comecar a entender Paris.

A primeira coisa que me chamou a atencao, foi a energia pulsante da movimentacao da cidade. Como na beleza caotica de uma musica classica...Tubas, Violinos, Pratos, Timpanos, sao regidos em sincronia. E no ataque do sinal verde, o caos da lugar a fluidez. Os instrumentos se completao e Paris se movimenta. Eu escolhi a Clarineta, que aqui, num intuito em frear meus devaneios, eles insistem em chamar de Velib': as famosas biciletas para alugar de Paris. E uma maravilha, tem em todos os lugares..tem ate marcha... e junto com o metro, e o onibus, ajudam e estimulam o Parasiense a se locomover. Fui a todos os lugares da cidade com ela.



Passado o susto inicial, comecei a curtir a cidade. A parte central e mais turisca da cidade e linda! Fui direto ver o Louvre ( so do lado de fora), o Champs Elysees, o arco do triunfo e claro, me programei para pegar o por do sol nos jardins da torre.



Paris, sem duvida nenhuma, foi o lugar onde eu
mais recebi dicas e mais dicas... esses meus amigos sao muito chiques...rsrsr, mas como tinha
poucos dias, fui obrigado a relaxar e nao pirar em


ter que "matar Paris". Com certeza, volto aqui um dia, de preferencia com uma pessoa para me guiar aos "secret spots" da cidade.

Depois do tour inicial, fui para meu albergue. Ele ficava um pouco mais afastado do centro, e a proximidade do cinturao que "protege" a Paris que conhecemos, das Citees(conjuntos habitacionais, normalmente abrigados por imigrantes), trouxe para perto, uma outra realidade de Paris. Povos de todas a nacoes, "atraidos pela luz", em busca de prosperidade, como fazem muitos nordestinos rumo a "terra da garoa", acabam em uma longa fila de distribuicao de sopa e comida. Aquela cena me fez pensar muito na atracao do homem pelos grandes centros. Porque aquelas pessoas deixaram suas casas, suas familias, seus paises de origem, para passar por isso... em Paris. Lembrei muito das viajens que fiz pelos interiores do Brasil.... e incrivel como sozinho, sem conversar com ninguem...nossa mente vooa.



O albergue era bem legal e no quarto, com mais sete pessoas, acordei animado para conhecer a cidade e louco por um banho, tinha chegado muito tarde e cai direto na cama...PUTZ!... o albergue nao fornecia toalha, mas para quem ja teve que tomar banho, no interior do Tocantis, por tres dias, com lencos humidecidos de nenem...usar uma camisa usada, seria mole...rsrsr.



Entrei sonolento no banheiro, quando fui presentiado por um gringo cantando "Minha pequena Eva" no chuveiro...hahaha..."o nosso alor na boltima astrolabe...ebaa", Salvador deixou lembrancas...rsrsr.

O dia foi de marilhosos museus, com um destaque para o D'Orsay...foda!! e o Pompidou, que eu era louco para conhecer.

Terminamos a noite ( eu e meus pais ), em delicioso restaurante Cubano. A base de Mojitos, Cuba Libre, uma comida maravilhosa...e uma garconete linda...a hora passou, a preguica bateu... e acabei estendendo meu saco de dormir no chao do quarto dos meus pais... e por la fiquei.

Acordei. Rodei muito e a ultima noite em Paris prometia ser uma delicia... um encontro com os queridos amigos Ze e Fe, de ferias pelas Zoropas.


Prometia e foi! Junto com o amigo deles (Syd), que mora aqui em Paris, encaramos um divertidisso"de bar em bar".(queridos adorei encontrar vcs por aqui!!!) A hora passou... o metro fechou... e a Clarineta, foi a solucao.

Hoje acordei meio mareado e parecia que eu ia fazer uma prova de vestibular...aquele frio na barriga, sabe?




O dia foi de arrumar o bagageiro, conferir tudo e passar o dia com meus pais. Almocamos e fui com eles a um lugar que minha mae queria me levar, desde que cheguei.


Na igreja da Medalha milagrosa, tive uma estranha reacao. Tivemos uma sorte e chegamos no meio da unica missa do dia. Sobre cantos e rezas, meus olhos encheram de lagrimas e tive que segurar muito a onda para nao cair no choro. Fui totalmente pego pela emocao da Fe daquelas pessoas. Levo comigo, uma medalha...nao custa nada se apoiar, ne?




Daqui a tres horas embarcaremos no trem... eu e ela...mais ninguem. Ta batendo um nervoso, mas estou com a certeza de que tudo ira dar certo.

Confesso que amei, ir relatando toda viagem por aqui. Nao sei muito como vai ser o acesso a internet daqui para frente, mas farei de tudo para continuar relatando essa deliciosa aventura.




Amo receber os comentarios, por isso nao deixem de postar, agora, mas que nunca, vou precisar....rsrs.






Beijo a todos, e se tudo der certo, daqui a um mes, volto ao Brasil!!!




beijossss!!!!!




Gian Carlo Bellotti

domingo, 25 de abril de 2010

O Equilibrio na Toscana

Salve! Acabo de chegar de um tour de quatro dias na Toscana. Estou de novo em Firenze, em um internet cafe de uns indianos, com a bike encostada na porta e eu, todo "fantasiado" de ciclista. Hoje a noite embarco para Paris, o ultimo destino da primeira etapa da viagem...depois, rumo ao Caminho de Santiago de Compostela.


(Dias atras) Com os tiquetes de trem de nois dois, fui a estaçao para embarcar para Cortona. Ja escolado do jeito italiano de ser ( fui criado por um e depois de alguns dias por aqui..), ja sabia que obter informaçao nao era das coisas mais faceis. O italiano tem uma peculiaridade, que pude observar ao longo desses quas trinta anos. Ele acredita que seja la o que for...de mecanica de carro a fisica quantica, vc ja deveria saber aquilo e se nao sabe e burro, deveria saber...rsrsr. Imagine so uma simples informaçao do tipo.. vem ca? Como faço para embarcar uma bicicleta no trem? Algumas caras malmoradas depois, consegui embarcar e meio sem saber se estava fazendo tudo certo, pendurei a bike em um gancho, que mesmo sem ser italiano nato, deduzi que se tratava do lugar para bicicleta e fui procurar um lugar para sentar.

A viagem é maravilhosa, serpentiando os campos da Toscana, ia passando pelas estaçoes, vendo as pessoas, as casas, os campos floridos... e com o leve "ninar" do balanço do trem, me esforçava para nao perder aquele momento. Acho que ja estava sonhando, quando me deparei com o malmorado de terno, me pedindo os "billetos". Feliz da vida entreguei as duas passagens para ele. Ele olhou de um lado, olhou de outro e perguntou: "O que e isso?", "Os bilhetes.", respondi. Bom, no medo de entrar no trem errado, somado a sem saber o que fazer com a bicicleta, o burrinho brasileiro, esqueceu de validar os bilhetes. "Vaz tomar uma multa de cinco euros, para deixar de ser otario".









Chegando em Camucia ( cidade que da acesso ao vilarejo de Cortona), troquei os tenis pela sapatilha e com as indicaçoes que tinha pego pela internet, parti para tentar achar o hotel onde meus pais ficariam hospedados.(com mais 20 euros por dia, tinhamos conseguido um upgrade para um quarto enorme, com dois quartos independentes, cozinha, geladeira...uma beleza!).





Sai pedalando pela cidade e logo descubria que fazer isso com dois alforges pesados, nao e nada facil. Sai da cidade e por uma estrada secundaria, avistei o hotel. Meus pais, que estavam de carro e com GPS, ainda nao haviam chegado, pois estavam perdidos. Voltei ate o entrocamento da estrada principal e com "meu GPS", consegui guia-los ate o hotel.















A fome batia e saimos todos juntos para comer algo em Cortona. Como as dezenas de cidades medievais no inteior da Italia, Cortona era mais uma joia preservada que eu tinha o prazer de conhecer. Comemos num bar senssacional. O Bar 500, todo em homenagem ao carro da Fiat, tem no casal de donos o seu melhor ingrediente. Simpaticos e com um prazer indiscritivel em receber, rimos e tomamos Limoncelos, por conta da casa. Voltamos ao hotel depois pizzas, bruschetas e cervejas e pareceia que estava carregando um elefante nas costas. Aquela caminha quente me chamava: "gian....gian....". Mas a vontade de pedalar e explorar aquele lugar era maior. Me equipei todo e ja com um mapa mais detalhado da regiao na mao, sai sem fazer a menor ideia onde iria. Minha limitaçao...somente a luz do dia, que insistia em cair rapidamente.


Pedalei 25 km, com a luz caindo, o frio veio com força e aquela "pequena" volta so me deu agua na boca. Voltando ao hotel, so pensava em uma coisa...passar o dia todo pedalando.










A noite, aproveintando a cozinha do quarto, fiz uma macarronada com produtos locais...um tomate...humm!! sem comentarios..

O despertador tocou na fria sete e meia da manha, e quando levantei a cabeça em direçao a janela, putz! ...chovendo... e com a menor pinta de que iria parar. E ai? sair a sim mesmo, enfrentar o frio e a chuva, a possibilidade de ficar resfriado...resolvi voltar a dormir e ver se a chuva passava.








Nao passou, pelo contrario, so aumentou e a tempetaratura diminuiu. Nao tinha outro jeito, estava de volta ao carro e as decisoes coletivas.


Mas ai esta a beleza de uma viagem como essa. Acabei passando um dia... eu chamaria de "um dia a la, Monica Almeida", ou "um dia tipico...Dani Meres"..rsrsr...beijo nas duas! Duas queridas que sabem muito bem aproveitar a vida, usufruindo dos prazeres que o homem cria para satisfazer suas vontades.

O dia mais frio da viagem, foi pontuado por degustaçoes de vinho nas viniculas locais, queijos pecurinos frescos em mercadinhos, um maravilhoso almoço em Montalcino, regado ao famoso vinho "Brunello de Montalcino"...ai ai..














E seguindo uma indicaçao do dono do hotel, fomos parar numa cidade famosa por suas aguas termais. Eu ate relutei um pouco...besteira...eu um "backpacker", entrando em um centro de aguas termais, com hidromassagem, cromoterapia, fango termal e sei la mais o que... nunca me imaginei pagando para entrar num lugar desses...ainda mais em euro.


Mas fui....e posso dizer...foi uma delicia! O lugar era incrivel (http://www.termesensoriali.it/), e depois de fazer coisas que nunca tinha pensado em fazer...(calma, nada de mais..rsrs)voltando a noite, enquanto dirigia para o grupo, lembrava que eles,o grupo", tinha me proporcionado esse dia delicioso.

Assim, descobria que é sempre importante buscar o equilibrio. Quem tem a razao? Porque e sempre melhor do meu jeito? Voce tem que sempre estar preparado para o outro lado te surpreender.

Amanhaceu outro dia na Toscana e a chuva constante cedeu o lugar a um dia frio e com muitas nuvens. Hoje, nem a neve me seguraria em casa! Com a bicicleta carregada, um sanduiche na mochila, as duas caraminholas de agua abastecidas e o mais importante o mapa...sai totalmente sem rumo. Queria usar aquele momento para testar todo o equipamento ( bicicleta, roupas termicas, capas de chuva, bagageiros..) e principalmente eu, que depois de dias e dias a base de macarrao e vinho, me preoucupava muito com o que aquilo poderia ter feito com minha forma fisica...que ja nao e aquela coca-cola toda...rsrsr.



Vou contar uma coisa para voces...pedalar no frio nao e a coisa mais agradavel do mundo, mas com o passar dos quilometros, seu corpo entra em um movimento ciclico e como um motor a combustao, voce entra no automatico e esquece do frio, do vento e ate da chuva...que acabou me pegando no meio do caminho.

Os alforges pesados, transformam, qualquer subida em uma ladeira e acho que a falta de ingestao de proteina nos ultimos dias, fiseram meus musculos trabalharem um pouco mais.


Mas posso dizer...nem vou lembrar do "sofrimento"...estive em cada lugar, cada cantinho, inesquecivel. Pictogramas que ficaram gravados na minha mente para sempre.


A receita era... a cada bifurcaçao, parava, olhava o mapa, tentava achar alguma cidade na direçao que pretendia ir...achava e seguia. Nao sabia o que "pegaria" pela frente. Muita subida? Seria possivel voltar hoje? E para onde eu estava indo, teria algum lugar para dormir? E comer?

Sai pedalando...cidades deram lugar a vilarejos...vilarejos a fazendas...hum!...uma delas cheirava a azeite de oliva...e depois de subir uma serra, que putz! nunca mais esqueço! Na traseira de um caminhao de frutas, comi a maça mais gostosa da minha vida.

Rodei muito... depois de um pouco de lama nas fazendas locais, as ovelhas do queijo pecorino e um sanduiche a beira do lago, voltei a cidade e com tudo fechado a soluçao foi almoçar no supermecado local.
Depois do anterior dia de realeza, terminava meu terceiro dia de Toscana, almoçando com a mao, no chao do estacionamento de um supermercado...mas claro, sem perder a pose...no cardapio, salada de frutos do mar...rsrsr.

Assim percorri os 73km do dia. Com todo tipo de terreno, subidas..muitas subidas...descidas deliciosas, estradas de alfalto, estradas de terra, fazendas e até um lindo lago. Uma experiencia incrivel, um belo teste para nos dois e a reafirmaçao da importancia do equilibrio. Facil nao foi nao...mas me deu um gostinho de quero mais....

Em uma viagem de longa distancia de bike, ja percebi que nao adianta correr, nao adianta levar seu limite ao maximo, nem da bicicleta...porque? porque tem o outro dia... equilibrio!

Retornei a Firenze de trem e hoje a noite vou ao ultimo destino da primeira etapa da viagem: Paris!









Dia 29 parto rumo a Saint-Jean-Pied-de-Port, inicio da jornada do caminho de Santiago.



Saudade de muitos! bjs a todos e ate o proximo post!

Gian Carlo Bellotti

p.s: continue postando comments, e-mail e afins, adoro ler todos, mata um pouco da saudade e tras vcs para perto da viagem. bjs

p.s: Luizinho, vc irira pirar com esse lugar, se quiser um dia vir para um trip de bike...e so chamar.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

indo...


Acordei mantendo a decisao do dia anterior. Queria ir...
So quem esta acostumado a viajar vai entender o que eu vou dizer: o dia foi de ressaca de viagem... me permiti ate tirar uma pestana ao cair da tarde. Na manha nublada, fui a estaçao central e consegui comprar o ticket para mim e para a magrela, isso mesmo, era necessario duas pasagens, uma para mim, outra para a bicicleta(preços diferentes, claro). Isso feito, precisava ressucitar a bicicleta do aconchego da mala do alfa romeu.

Minha mae, inspirada pelo jeito "on the road", resolveu despachar para o Brasil, todas aquelas roupas que sempre insistimos em trazer para passear. Fiquei orgulhoso, quando numa crise de desprendimento, depois de mandar as roupas por mar, ela olhou o primeiro pedinte e deu a grande mala preta, que nao tinha mais serventia, para alguem que uma simples mala rodada, poderia ter alguma.


Precisava montar a bike...ainda nem tinha verificado se a proteçao tinha dado certo e se ela estava inteira. Devido a proximidade da estaçao central, resolvi fazer isso no quarto do hotel dos meus pais. Enquanto eles se preparavam para o jantar, desenrolava plasticos bolhas e cortava lacres. Meu pai ajudou a montar os discos de freio e depois partiu com a minha mae para jantar. Depois de varios apertos, la estava ela...prontinha, doida para circular. Alias, preciso dar um nome a ELA.


Tudo ia muito bem, ate eu montar os alforges ( as malas de bicicleta ), o teste que eu tinha feito no Rio de nada tinha adiantado, e a posiçao nao me permitia pedalar com facilidade. Claro que dentro de um quarto de hotel, os testes eram impossiveis, mas so de ver, ficava claro que aquilo iria me dar uma dor de cabeça.

Algumas horas depois e o manual do escoteiro mirim voltando com força total... acho que consegui algo, pelo menos para os dias na Toscana. Uma "gambiarra" a moda brasileira, que so poderei testar amanha indo para a estaçao central.


Deixei o quarto muito preocupado e nem percebi que estava na ultima noite em Firenze. Pensei no bar de cervejas artesanais, que tinha visto em uma caminhada no primeiro dia que cheguei. Lembrei que os dias passaram e nao tinha me dado o direito de entrar naquele bar. Escrevo isso, ja sobre o efeito de algumas delas. O dono tratava o tal liquido amarelo turvo, como se fosse uma "bella ragazza" e depois da segunda, resolvi mandar uma mensagem para uma pessoa querida.




Segundos depois recebo uma mensagem da mesma dizendo que estava naquele momento falando que sonhava em largar tudo e ir me encontrar...Decolar.com depois, parece que ela vem...a conferir..rsrsr.


Amanha, rumo a Cortona de trem. Oremos ao bagageiro.

bjs a todos.

Gian Carlo Bellotti

terça-feira, 20 de abril de 2010

Saudade da solidāo


Ontem foi um dia muito especial. Apesar de ter ido para a cama às quatro da manha, dormir em euros nao vale a pena e logo despertei. Cruzei a cidade com o passo apressado de um paulista e com a ansiedade de uma criança. Na estaçao principal cheguei para tentar alugar uma bicicleta. Linda, azul e como a de todos os locais...classica como uma "barra forte".

Ja conhecendo um pouco a cidade, deslizava sobre seu asfalto sem medo de errar a entrada. Como se soubesse totalmente para onde estava indo, entrava na direita, como se fosse pegar um atalho, quebrava malandramente a esquerda. O vento frio da manha cortava o rosto e pelo reflexo do predio pude observar que estava sorrindo. A primeira coisa que veio a cabeça...fugir deles...fugir de ser um deles...os turistas.

Cruzei o rio pela ponte vecchio e logo estava afastado daquela multidao de maquinas fotograficas modelo "acabaram de lançar". Pelas ruas da verdadeira cidade, circulava assobiando, observando as pessoas. Atraves do suave passo de uma "nona", lembrei da minha que ja partiu. Aquele pedaço de Florença em pouco lembrava a ja alguns minutos para atras. E com aquele breve momento de fuga, pude sentir o prazer da liberdade. Uma liberdade que so alcançara com a minha "solidao programada". Recorrendo ao meu mapinha, fui em direçao a parte mais alta da cidade e tambem muito frequentada por aqueles seres das maquinas fotograficas.

Sem as minhas 27 marchas da minha magrela ( que no momento adormece num porta malas), subir a ladeira que dava acesso a pizzale Michellangelo foi uma tarefa quase impossivel ( ainda mais com uma pequena ressaca ) e empurrando a bicicleta cheguei sobre o badalar dos sinos a igreja mais alta de Florença. O dia continuou... Sem rumo ia pedalando, gostava de uma rua, entrava...via alguma coisa na outra, entrava. Ate que me deparei com uma enorme ladeira. Pelo mapa e algumas placas que tinha passado, parecia que iria me levar a Fortaleza de Belvedere. Tranquei a bicicleta num poste e resolvi encarar a pe. E sobe... e sobe ... e sobe, cheguei la em cima e me deparei com o portao da Fortaleza fechado e com um aviso que devido ao falecimento de uma jovem naquele local a justiça o tinha embargado. E ai voltar? Continuar? Pra onde? Resolvi entrar em uma viela, parecia a casa de alguem...mais fui. Um portao...entrei... agora estava nos fundos da Fortaleza. Bom, algumas passadas mais tarde, sem querer...encontrei a entrada de serviços do jardim de Boboli. jardim esse que quando tinha tentado ir na tarde anterior, a hora avançada nao tinha permitido a minha entrada. Mais uma vez, o tao presente acaso, me presentiava novamente. Descobria que a solidao, me permitia errar, me permia tentar, me permitia ir.

Retornando ao velho centro, ja de bike novamente, visitei mais alguns museus, reencontrei com meus pais e com o dia chegando ao fim e a hora da despedida da magrela se aproximando, resolvi terminar o dia no Museo Nacional da Fotografia. Uma exposiçao do fotografo Italo Zannier, mostrava fragmentos da vida dos italianos nas decadas de 50,60 e 70. Gente pobre, gente rica, casas, trabalhos... peças que me ajudava a montar um quebra-cabeças: que Italia meus avos deixaram para tras e qual eu estava descobrindo agora.

Depois de um queijos e vinhos no saguao do hotel da trupe oficial, fui dormir cedo pois o dia era de estrada. Um dia rodando por algumas cidades da Toscana.

Acordamos e com o carro rumamos a Siena. A estrada linda, com seus campos e vilarejos. Me sentia em uma maquete de trem.

Siena , com suas ruas medievais, seus palacios e igrejas é deslumbrante. No chao da praça principal, como bons europeus, nos deliciamos com os sandubas preparados com a sobra da noite anterior.















Na volta pela estrada, uma fortaleza em cima de um morro chamou a atençao e lembrei que tinha lido sobre ela em algum lugar: Montaglione. Consegui pegar a primeira saida e logo estavamos cruzando os muros que protegem a medieval cidade.




















A tentativa de ir a San Geminiano foi um pouco mais complicada. Com o GPS atrapalhando, demos algumas voltas ate chegar a mais belas das cidades visitadas no dia. Um por sol inacreditavel, pintava as paredes da cidade com um laranja quente e forte. Anoiteceu e terminamos o dia almoçando com uma vista inacreditavel! Um vale maravilhoso servia de "pano de frente" para uma comida deliciosamente toscana.















O dia foi lindo, mas nunca achei que fosse sentir isso... Ali com o grupo, tentando me adequar a sua velocidade, as vontades comunitarias, tentando evitar qualquer transtorno, tentando nao se perder... senti saudade da solidao. O meu maior medo quando parti, se transformara no meu maior trunfo.

Ja entrando em Florença novamente, decidi que vou me separar um pouco do grupo...vou tentar seguir para Cortona de trem. Amanha enquanto eles continuam a explorar as rendondezas, ficarei por aqui, vou resolver algumas coisas do resto da viagem e na estaçao, vou descobrir a melhor maneira de chegar ao proximo destino. Se for possivel, pretendo montar a minha adormecida bicilcleta e partir rumo ao interior da Toscana, ja com a magrela montada. E de brinde tentar dar mais conforto ao resto do grupo.

a seguir... cenas do proximo capitulo...

bjs a todos que tem me acompanhado nessa trip,

Gian Carlo Bellotti