sábado, 15 de maio de 2010





Sessenta e cinco quilometros, nunca foram tao distantes. O último dia foi muito duro. Muita chuva, frio e as intermináveis montanhas da Galícia. Parti junto com os amigos paulistas e ter companhia na trilha novamente foi uma delícia. Pedalando junto com o Márcio, conversamos muito sobre tudo. A chuva em alguns momentos se misturaram as lágrimas e mesmo com um pouco de dor no joelho, avançamos os quilometros, animados em finalmente chegar a 
Santiago.
A fome e frio fizeram a gente fazer uma parada estratégica logo no quilômetro trinta. Comemos um polvo delicioso e para espantar o frio...o Zé se atracou com o secador de maos do banheiro..rsrsr....eu preferi aderir ao grupo do vinho! rsrsr.

Rodamos mais muitos quilometros de chuva e lama e paramos para almoçar. Faltavam 22 quilometros...e eles nunca foram tao duros. Nao acabavam nunca!














Às 18:30hs da tarde, finalmente chegamos ao "Morro do Gozo", chamado assim porque  muitos peregrinos ajoelhavam no chao de alegria quando finalmente conseguiam avistar as torres da catedral.


Ainda faltavam 6km, e era engraçado, nao estava emocionado, nao estava chorando, parecia um vazio...como 
se fosse mais um dia. Tolinho...rsrsr... Fomos entrando pela cidade, seguindo as últimas "flechas amarelas". Para chegar a frente da catedral, era preciso descer da bicicleta e encarar uma escada. Pronto, toda a frieza e o vazio, deu lugar ao banho de lágrimas. Fiquei muito emocionado. Os três companheiros de viagem, foram recebidos com beijos e abraços de suas mulheres, nos comprimentamos e larguei a bicicleta no meio da praça e fiquei alí, olhando para a catedral e chorando. Uma senhora me cutucou e falou:-"Parabéns...queres que eu tire uma foto?".

Fomos pegar nossa "Compostela"(certificado de conclusao do caminho) e junto com os casais, me hospedei em um dos melhores hotéis da cidade, eu merecia..rsrsr( Um viva ao cartao de crédito!). Depois de um belo banho, saímos todos para jantar e a noite, com pinta de comemoraçao, foi adoravelmente hilária. Sobre a atuaçao de vinhos e licores, dançamos pela rua, rimos muito...nos divertimos.

14 dias, 820km depois, cheguei a Santiago de Compostelas!

Nao é preciso ser nenhum mago, nem  tao pouco um italiano..rsrs(beijo pai!), para fazer uma anologia do caminho com nossas vidas.
Os desafios, os terrenos difícies, o planejamento, o imprevisível, a beleza da simplicidade,  a certeza de que depois de uma tormenta, pode vir outra...aprender a aprender...





Talvez a vida seria mais fácil se a única certeza fosse seguir uma se amarela...mas que bom que nao é tao fácil, né? 
Ter feito esse caminho, nao me faz melhor do que ninguem, nem tao pouco diferente de ninguém. Acho que a diferença e a mudança é interna, nao se manifesta com brilhos, encontros com alquimistas ou visoes, se manifesta no amadurecimento.

Em todos esses dias, tudo o que eu tinha estava em cima de uma bicicleta. Sozinho, você é praticamente obrigado a interagir, a se permitir conhecer as pessoas, a deixar o imponderável se manifestar.

Foi muito difícil, principalmente por causa do clima. Mas sabe aquela linda marquinha que quase todos nós temos no joelho? Um tombo de bicicleta, uma batida na quina da mesa, talvez uma briga com um irmao, ou até um escoregao na beira da piscina.... podem se passar décadas, mas é só você olhar para aquela cicatriz e tudo passa como um filme na sua cabeça...você nao esquece nunca. Ter feito esse caminho com tanta dificuldade, me fez uma linda cicatriz...na minha cabeça...e no meu coraçao.



Hoje fui a tradicional missa dos peregrinos, com o "Botafumeiro"(defumador) e nao deixei de pedir pela saúde de toda a minha família e amigos que me acompanham no "meu caminho".

Postar aqui nesse blog, foi uma experiencia muito interessante para mim. Nunca me expus tanto. Acho que até vai ser engraçado reencontrar os amigos....agora eles sabem mais e mais de mim..rsrsr. Mas foi muito gostoso e obrigado a todos que postaram mensagens tao carinhosas.

Obrigado também aos meus pais, queridos que sempre me apoiam em qualquer maluquice que eu invente. Minha irmazinha, que tocou o mundo real, enquanto eu estava fora e todos os novos amigos que cruzaram meu caminho!

Daqui sigo para Lisboa e de lá...Rio de Janeiro!! Já consigo sentir o cheiro do churrasco na Mansao dos Bellotti!!

Um beijo grande, saudade de todos!!!  E até a proxima aventura! Agora é hora de voltar para casa, trabalhar...dar um descanso para o coraçao da mamae....e se preparar para a próxima!

bjs

Gian Carlo Bellotti

 

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Vencendo os desafios internos

Estou agora a 64km de Santiago, em Palas del Rey, reencontrei novamente o grupo dos queridos amigos paulistas. É impressionante, é a quinta vez que nos encontramos! Fazemos distâncias diferentes, horários diferentes e nao tem jeito, passa uns três dias...eu entro em restaurante qualquer...lá estao eles...rsrs. Hoje foi hilário. É o terceiro dia que pedalo muuuitooo...e chegando a Palas del Rey, fui procurar um lugar para dormir. O hotel estava lotado e na primeira pensao que consegui "habitacion", me deparei com três bicicletas, bom, de frente para o meu quarto...lá estavao eles..rsrs. Figuracas do bem!

Aliás, no comeco dessa viagem, ainda em Veneza, um novo amigo(e um cara muito espiritualizado), me disse que seria uma viagem onde eu descubriria uma mediunidade e que isso nao necessariamente estava ligado a nenhuma religiao. Hoje na última noite no caminho, creio que minha mediunidade, se manifesta na incrível capacidade de trazer pessoas do bem, para perto de mim! Sempre foi assim...e agradeco todos os dias por continuar sendo!

Nunca tinha pedalado tanto como nos últimos três dias, na verdade, nem sabia que era capaz disso. Nao estava competindo com ninguém, nem tao pouco valia algo....eram desafios pessoais e vence-los foi inacreditavelmente gratificante. Vencer o Cebreiro e ainda seguir mais 22km....me fez olhar para o espelho e dizer....obrigado!

Na subida, uma experiência incrível! O sol me acompanhava. Para trás, nuvens negras..para frente...nuvens negras...e vagarosamente eu avancava. Pedalava e parecia que ia iluminando o caminho...o sol parecia me seguir...comecei a conversar com ele..rsrsr( depois de trabalhar tanto pelo clima do mundo, ele tinha que me dar uma moleza, né?!), e deu (há! aliás, se alguém da equipe do Vozes do Clima estiver lendo, fomos selecionados para um festival internacional de programas de tv, chegando ao Rio, vou a Goiana, epresentar todos nós..parabéns!!) A luta do sol com as nuvens, foi cinematográfica e me permitiu chegar ao topo do Cebreiro, sem uma gota d´agua. Lá em cima, nao teve jeito....as eternas nuvens que habitam milenarmente o imaginario local...trouxeram a visibilidade perto do zero e um frio que ainda nao havia sentido no caminho.


Hoje o sol me acompanhou por todo o caminho. As cores, os passaros, os insetos...como tudo fica mais bonito sobre a luz do sol! E a entrada na Galícia, com a volta do terreno montanhoso, apesar de duro para pedalar...foi lindo!!

Depois de um jantar com os amigos paulistas, consegui finalmente atualizar o blog e vou voltar para cama para me preparar para o último dia.
Estou muito bem, tirando os joelhos que tem reclamado um pouco, mas com economia e equilibrio, os dias tem passado sem sustos.


último dia....e vamos nós!!!
bjus

Gian Carlo Bellotti










segunda-feira, 10 de maio de 2010

Terminando os "dias planos"


Depois do reencontro com Juan e Pillar, segui os dois dias com eles até Léon. Estavamos no trecho "mais plano" do caminho e com médias de 60km por dia, rodamos super bem.

A chuva e o frio sao uma constante e pela previsao do tempo, me acompanharam até Santiago. Mas nao tem jeito, como disse para mim um voluntário brasileiro em um albergue...-"Esse é o meu caminho."

É a segunda vez que Juan faz o caminho( da outra vez ele completou e agora fez só o trecho até Leon). Me disse que nos 17 dias, pegou dois de chuva...detalhe, na mesma época do ano..rsrs. Para ele, estava sendo como fazer pela primeira vez, tudo era diferente.

Eu já me acostumei, quer dizer...sair da cama com um frio de 5 graus, muitas vezes chovendo...ainda é bem difícil, mas depois que voce começa a pedalar, o corpo esquenta e aí o difícil é parar. Mas como dizem por aqui..."Quqnto mais difícil, melhor e mais inesquecível será o caminho para você."

No primeiro dia, dormimos em Sahagún e no segundo dia dormimos em León, onde me despediria dos dois e continuaria a viagem sozinho.

Apesar do frio, sinto meu corpo bem mais preparado para a maratona diária. Nao tenho mais dores musculares(só o joelho que as vezes reclama...rsrs), os alforjes pesados já nao sao grandes problemas e hoje já consigo subir ladeiras, que a dez dias atras, era impossivel.

Dez dias atras...caraca, parece mesmo que foi ontem. 560km rodados, pareciam tao distantes...hoje quando voltei a rodar sozinho, me peguei até chorando um pouco, imaginando que dentro de cinco dias, essa incrivel experiencia iria acabar. Será?

Uma outra jovem voluntária Dinamarquesa, em albergue cristao, contou uma passagem da vida dela bem interessante. Disse que alguns anos atras, veio fazer o caminho com muitas perguntas e dúvidas na cabeça...jovem...rsrs. Andava, andava, andava e as perguntas e minhocas continuavam na cabeça. Um dia entrou em uma missa em um vilarejo e começou a chorar muito. O sacerdote terminou a missa, veio em sua direçao e perguntou o que estava acontecendo. Ela entao falou que tinha muitas duvidas e questoes na sua vida, que os quilometros estavam passando e nada.... entao ele disse: "As respostas que procruras no caminho, estao na volta pra casa."

Nao vim aqui atras de nenhuma resposta, mas tenho certeza que essa viagem transformará, pelo menos de alguma forma... o meu jeito de encarar a vida.

Em Leon, depois de conhecer a catedral( aliás, maravilhosa! ), paramos para comer algo. Depois do melhor almoço do caminho(até agora), os queridos Juan e Pillar, resolveram me presentiar com seu Guia. Tenho seguido só com o mapa e um guia já está sendo util, hoje, consegui um excelente albergue, já fruto de meu novo guia.

Deixaram uma simples mais linda dedicatória. Combinamos uma ida deles no ano que vem ao Rio.(apesar do pavor de aviao do Juan..rsrs). Os dois foram muito queridos esses quilometros juntos.

Tomamos o "desayuno" juntos e segui... Hoje a chuva deu uma tregua( o frio nao ) e aproveitando o último dia "plano" do caminho, vim bem tranquilo e rodei os 52km até Astorga.

Amanha, voltam os morros e as subidas e descida.
Tenho ainda dois grandes desafios topograficos pela frente. Amanha devo passar pela cruz de ferro e no outro dia pelo grande, grande...grande..Cebreiro, onde terei que carregar muito a bicicleta.

Hoje saindo de León, me deparei co uma cena curiosa. Já passei por todo tipo de gente...todo tipo mesmo. Velhos, Novos, Marines americanos preparados para guerra, pessoas que parecem ter saído de um shopping, outras que parecem estar no verao...agora...duas crianças no carrinho de bebê...rsrsr...estava faltando...agora nao falta mais! Tive que parar para conversar..rsrs. Um casal de Uruguaios, começaram em León e devargar iam empurrando os carrinhos de bebê. Detalhe, uma delas, nasceu no Brasil. Pareciam um casal muito legal, mas as minhas rodas eram um pouco maiores e logo tive que seguir.

Queria pedir uma licença aos leitores(rsrsr...tô ficando metido..rsrs), para fazer uma pequena homenagem.





Outro dia me perguntaram, porque estava chamando minha bicicleta de Jú?
Jú é linda e ao mesmo tempo forte. Está sendo uma indescritível companheira de viagem. Na terra, nas pedras, no barro, na chuva, na lama...sempre comigo, para qualquer parada. Como se estivesse decidindo com o coraçao ao invés da cabeça, já me tirou de alguns sustos e como uma mae, sempre me deixa em segurança no meu destino diário. E mesmo suja de lama, ainda sim, arranca uns suspiros por aí!!

Jú nao é uma homenagem a niguém em especial. Chamar minha bicicleta de um nome feminino, é minha singela forma de mostrar minha total admiraçao pelas mulheres que permeam minha vida. Minha mae, minhas queridas irmas...as Moniques, as Alices, as Dani´s, as Monicas, as Nizias, as Fernandas, as Anas, as Marias, as Flavias,as Carolinas, as Lívias, as Luanas, as Julianas...(que delícia! muitas!!rsrs) . Personificar simples ligas de metais em um nome de mulher é a minha forma, de trazer cada uma de vocês para junto de mim. Beijos, beijos e muitas saudades!!

ass: Um louco solitário..rsrsr!!

Gian Carlo Bellotti

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Dia de limpar a cabeça


Acordei e resolvi sair um pouco mais tarde...claro, continuava a chuva, mas o frio já entrava no modo suportável...ou talvez esteja me acostumando..rsrs.

Como sempre faço, gosto de ir caminhando dentro das ciadades e dos vilarejos. Como Burgos é uma cidade grande e hoje é um dia útil, era engraçado caminhar no meio da populaçao "normal". Um dos engravatados até se ofereceu para tirar uma foto minha.

Sabia que hoje seria um dia mais "plano" e saí com tranquilo e disposto a pedalar até onde desse, nao fiz nenhuma programaçao de termino.

O dia foi bem mais tranquilo do que nos últimos dias. Planícies intermináveis e reticentes, davam a possibilidade de pensar muito...muito.

É como em um sonho. Os pensamentos de alguma forma entram na sua cabeça e saem sem se despedir. Ao avançar dos quilometros, você pensa em uma música, daqui a pouco está pensando no trabalho, uma curva e aparece um amor e nao é possível dar fim a nenhuma das estrofes.
Depois de uma calmaria, caiu uma tempestade...mas acho que já estou me acostumando, saquei a capa de chuva e continuei pedalando com se nada houvesse acontecido.

Cheguei a um vilarejo e procurei um lugar para um café. Estacei a "bici" ao lado de outras duas.

Entrei no restaurante e: "Carioca!", eram os mineiros que tinha conhecido a dias atrás no meio do perrengue. Tinham tido uma baixa. Um deles, com fortes dores no joelho, tinha resolvido seguir alguns quilometros de "taxi".

Segui pedalando sozinho e voltei ao meu ciclo de pensamento...parecia uma lavagem celebral. Os últimos dias, tinham sido tao intensos que nao tinha nem dado tempo de pensar na vida...e tome pedalada. Lindos campos, quase hipnotizavam de tao longos...e a estrada de terra passando por ele.

Nao sabia onde iria dormir, já tinha rodado uns sessenta e poucos quilometros e decidi dar uma olhada em Frómista. Iria olhar e talvez seguir mais 23km até o proximo ponto. O sol abriu..lindo!(claro, por pouco tempo)

Entrei na cidadezinha e fui procurando a regiao de albergues..decidi olhar a praça principal...es que vejo...Juan e Pillar!! ( o casal de espanhoeis que tinha me "perdido" a dias atras). Ele deu um berro de longe e felizes contamos as aventuras dos últimos dias. Sabia que eles estavam por perto, porque tinha passado em alguns lugares, que eles (queridos!), preocupados comigo, sempre perguntavam se eu tinha passado. Aí eu chegava no lugar, as pessoas perguntavam meu nome e diziam que um casal tinha perguntado por mim.

Eles me disseram que tinham visto os dois brasilerios de bicilcleta que avisarm que o "Carioca" estava por perto...rsrrs.

Sao dois queridos novos amigos e seguiremos juntos, provavelmente até Leon, onde eles terminam a jornada.

Bom, vou dormir, que o albergue já vai apagar a luz...iria fazer uma homenagem...mas vai ficar para o próximo post!

bjussss!!!!

Gian Carlo Bellotti

quinta-feira, 6 de maio de 2010

No Caminho de Santiago, rezando para Sao Pedro


Estou no Caminho de Santiago, mas acho que o santo que mais falei nos últimos dias foi Sao Pedro mesmo. Simplesmente a Espanha foi atingida por uma tormenta de frio, chuva e neve. As televisoes noticiam: "Neve em maio??". Fui pego de surpresa...eu e todos os outros peregrinos. O assunto do momento: o frio.

(alguns dias atras) Depois do último post, fui jantar com o Rafael(brasileiro que havia conhecido no trem). No único lugar possivel para comer, nos juntamos a uma mesa, com duas coroas da Irlanda e dois caras da Alemanha( eu acho...). As coroas eram umas figuras. Sobre o efeito de algumas taças de vinho, elas riam...tentavam se comunicar com os alemaes...hilario...no telao do restaurante, um jogo do Barça, fazia a plateia de espanhois delirar...as coroas riam...

No outro dia, com um alerta de alguns, tive que deixar a trilha e seguir um trecho pela carreteira. Um barranco, tornava impossivel passar de bike..será? Desas vez resolvi aceitar o conselho.

O tempo seguia bem estranho. O sol travava uma luta mediunica com as nuvens negras. Parecia que alguem estava controlando a luminosidade com um dimmer. Estava frio, mas suportavel e ao passar do dia o vento só aumentava.Meus instintos viajantes me lembravam que ventos significam mudanças...para melhor ou para pior.

Andei super bem e logo terminei o equivalente a um dia a pé. Cheguei a Puente la Reina, pretendia tomar um café, comer algo e seguir. Parei em um bar e logo avistei duas bikes. Pertenciam a um casal de espanhois que no início nao deram muita bola, depois conversamos um pouco e eles logo seguiram.

O tempo começou a fechar, choveu e o frio aumentou. Pretendia rodar até Estella(mais 22km), arrumar um bom Hostel, uma cama e um banho quente. Cheguei a Estella. Começei a procurar um lugar para ficar...quando derrepente, vejo o mesmo casal, sentando em um café. Resolvi ir peguntar se eles sabiam algum lugar. Dessa vez, a frieza inicial, deu lugar a um caloroso papo, rimos um pouco, falamos das dificuldades iniciais... Juan e Pillar, eram namorados e tinham começado a pedalar em Roncesvalles(depois dos Pirineus..rsrs) e seguiriam somente a Leon, pois as ferias só permitiam isso. Pretendiam terminar o caminho em Setembro. O papo se estendeu, a chuva diminuiu e resolvi seguir com eles a viagem, tinha desistido do Hostal...rsrs. Pretendiamos ir até onde o tempo deixasse.

E era só subida até lá..seja lá onde fosse. Passamos por um lugar clássico do caminho. Uma vinícula local, em agradecimento a Sao Tiago, mantém uma bica, que ao invés de sair agua...sai vinho! E até que o vinho é bom...também estamos na regiao La Rioja. Subimos até Cizur menor e nos hospedamos em um albergue de uma instituiçao crista holandesa. A 870m do nível do mar, o frio estava fazendo as maos e os pés congelarem. Nos instalamos e comemos um jantar delicioso, preparado alí mesmo, por um dos holandeses. Junto na mesa, um Coreano que estava a dois meses na Espanha, tentando aprender espanhol. Juntos saímos ao único bar aberto no vilarejo, para um café.

Lá outros peregrinos contavam suas histórias, falavam, claro, do frio e uma senhora ( alías, é incrível, a média dos caminhantes é de 50/60 anos) que tinha levado um tombo, de cara, a dias atrás, contava que tinha aprendido uma dica excelente. Para controlar a humidade nós pés, o ideal era colocar um absorvente feminino, na sola das botas. Bom, todos riram e o "Coreano dois meses de espanhol", claro, nao entendeu nada. Vocês nao podem ter noçao, doque foi um espanhol tentando explicar isso para um coreano...caraca eu ri muito, o cara puxou um papel, fez desenho.. ele começou assim:"..bom...toda mulher, de 28 em 28 dias...hahaha. No final o coreano pediu para ele anotar em espanhol num papel, pois ele iria pedir na primeira farmacia que visse pelo caminho...como queria ter visto essa cena.

A noite no albergue foi de muito frio. Meu saco de dormir é para no mínimo 5 graus e acordei tremendo de frio. Me encasaquei todo e tentei dormir. Ventos lá fora, cantaloravam uma medonha cançao de ninar. Os ventos das mudanças.
Infelizmente foi para pior...e bem pior. Chegou a tal tormenta. Acordamos, montamos as bikes e saimos...muito frio, usava todos os casacos disponiveis, a capa de chuva e nada.

Estava curtindo ter companhia nas pedaladas. Eles eram ótimos, tinhamos o ritmo bem parecido e apesar do frio, estavamos nos divertindo.Algumas horas depois...enquanto entravamos em um trecho de plantaçoes. O caminho que seguia tranquilo, deu lugar ao lamaçal de muito barro. Tentamos seguir, mas após algumas pedaladas, o barro já tinha entrado em todas as engrenagens, correntes e os pneus pareciam ter dobrado de tamanho.... era impossível pedalar. Tivemos que descer um barranco, e nessa hora, foi fundamental nao estar sozinho. Com gravetos, limpamos um pouco do barro, empuramos as bikes até um lugar mais tranquilo e seguimos pedalando. Logo Pillar, percebeu que na bike dela o dano foi maior. Pedras tinham entrado no passador e ela nao podia mais pedalar. Segui "depassito", mas com a chuva e o frio...tive que ir. Assim é o caminho, as pessoas vao e vem. Sabia que tinha grandes chances de nunca mais nos encontramos, mas nao tinha jeito, fui andando e quando vi tinha os perdido de vista. Eles pretendiam andar até a proxima cidade e pegar um "taxi" até a próxima oficina de bicicleta.

Logo alguns quilometros pela frente....mais lama, dessa vez...muita mesmo...e agora eu estava sozinho. Consegui sair, passando por cima de uma plantaçao. Avistei a "carreteira" e cheio de lama, tive que empurrar a bike até a cidade mais próxima.... o frio estava foda!

No bar local, encontrei tres brasileiros, que estavam fazendo todo o trajeto evitando as trilhas. Tinham sido alertados: choveu...vai pela estrada...

Na lixeira, encontrei uma garrafa grande de água e enchendo de pouco a pouco, consegui jogar jatos de agua para limpar um pouco as engrenagens da bicicleta. A decisao era, avançar ou ficar aqui nesse vilarejo. "O que é um peido...". Sabendo que o tempo nao iria melhorar, segui até Logronos, onde com certeza teria uma boa cama para dormir. Seguindo pela "carreteira", peguei um pouco de granizo e ventos que me freavam nas descidas. Em um trecho, andava com a bicicleta inclinada ( de lado )... o vento lateral era muito forte. E para melhorar...via a neve caindo nos montes a minha volta. Cheguei a Logrono, acabado...mas cheguei, procurando um lugar para dormir...derrepente...-"Nao creio...Gian Carlo!"..eram os italianos figuras que tinha conhecido na subida dos Pirineus...encontrar "gente conhecida", foi um alento. Eles ficariam dois dias na cidade, pois tinham um amigo. Consegui uma pensao para dormir...e dormi feito um bebê, disposto até a ficar mais um dia na cidade, para ver se a tormenta passava.

Pela TV, descubri que ela nao passaria e resolvi encarar o que desse, pelo menos queria avançar um pouco. Numa oficina de caminhao consegui uma mangueira mais forte e retirei todo o barro da bicicleta( que tenho carinhosamente chamado de Jú). Sabia que aquilo resolveria um problema, mas me traria outro...com a agua, retirei toda a lubrificaçao da corrente. Alguns quilometros depois e já era impossivel pedalar. A corrente gemia, as marchas nao passavam mais e empurrando, pedalando devargar e carregando nas subidas, consegui chegar a Nájera, distante somente 31km do meu último ponto. Tava morto, o frio estava perto do insuportavel. Olhei um bar que parecia fechado, mas abri a porta. A mulher falou: -"estamos fechados". Saí desolado... logo a porta se abriu de novo e um senhor falou: "Desculpe, estamos fechados para limpeza", eu "OK". "É italiano?".."Nao, Brasileiro"..."Brasileiro!!¨... bom..rsrsrs...o cara era louco pelo Lula..hahah...depois disso ficou apaixonado pelo Brasil...começou com um vinho, depois ele me ofereceu um bacalhau, depois um lugar para guardar a bibicleta...me levou a um restaurante, ele me apresentou a todo mundo...conversamos sobre poliítica, turismo...tudo ( eu nao sei mais que lingua estou falando...só sei que eles me entendem..srsr ), ele ainda arrumou um lugar para consertar a bicicleta...inacreditável!!! A única coisa que ele me pediu em troca, foi que mandasse um postal do Brasil, para ele colocar ao lado da bandeira brasileira que ele mantém no bar.

A noite, instalado em um Hostel, tive um pouco de febre, mas acreditava que devia ser pela comida...tá um pouco difícil a adaptaçao...muita fritura.

Acordei disposto a "tirar o atraso dos dias anteriores"... e rodei. No início, a chuva, prometia mais um dia difícil, mais a temperatura estava alguns graus acima...tipo 6 graus, quando saí. Foi um dia de deslocamento. Pretendia chegar a Burgos....e cheguei. Rodei 92 km. Intercalando o Caminho e a carreteira, parecia que estava numa prova do ironman...rsrsr....nao parei de pedalar o dia todo. Cumprir esse trecho, quebrar a barreira dos 300km e ter a notícia de que o tempo vai começar a melhor, deu um animo enorme.

Os últimos dias foram bem dificeis, mais passar por eles foi inesquecivel. A descoberta que a maior lembraça que terei desse lugar, sao as pessoas que a cada dia cruzam meu caminho, me anima muito a continuar e ficar aberto as surpresas, que com certeza pintaram.

Estava com saudade de postar por aqui. Muito obrigado, mais uma vez pelas mensagens de carinho, hoje me emocionei, quando depois de dias sem olhar a internet, ler recados tao carinhosos.

beijos e até o proximo post!

Gian Carlo Bellotti

domingo, 2 de maio de 2010

Dia 01 e 02: Exorcisando o Fantasma dos Pirineus




Tinha passado a noite inteira com o estomago reclamando. A pessima comida do unico restaurante aberto em Sain Jean, deixou lembrancas. Acordei passando meio mal e a chuva e o frio lá fora eram desanimadores. Depois do café, nao teve jeito, acabei vomitando. Estava um pouco debilitado, mas super ansioso para começar.

Abasteci as caramilholas com agua da fonte e parti, cruzando o portao da cidade. Me deparava pela primeira vez, com uma companheira leal: a seta amarela. ( utilizada para indicar todo o caminho). Estava muito frio e chovendo, e logo depois da saida da cidade, a ladeira de asfalto já anunciava o que estava por vir.

Minha bicicleta estava muito pesada, preocupado com comida e agua, tinha feito um farnel grande e só aumentou o peso da bicicleta. No final da primeira ladeira, vejo um ciclista ( frances ), descendo. Ele me parou e disse que estava impossivel subir, que estava muito escorregadio e que a visibiliade chegava a perto de zero. Ele seguiria o caminho "normal" ao primeiro dia das bikes: a carretera (asfalto). Logo pararam atras de mim dois ciclistas italianos. Falamos para eles do problema...um olhava para o outro...e agora? Desistir? Sem tentar?

Talvez tenha tomado a decisao errada. Mas o que é uma decisao errada? Se voce tomou uma decisao....acaba de acertar.

Subir a montanha, com a bicicleta carregada, chuvendo, com um frio que deve ter chegado a 5/6 graus, ventando.... provavelmente foi a coisa mais dificil que fiz na vida. Seriam 27 km até o primeiro lugar possivel a dormir, 18km de subida. Aqueles pequenos numeros pareciam pouco para mim...ingenuidade, hoje no segundo dia, já percebi que a quantidade de quilometros nao importa e sim o tipo de terreno e as dificuldades que voce enfrentara pela frente.

Logo no inicio da subida de terra, tive que descer da bicicleta e começar a empurrar. Aliás foi o que eu mais fiz nesse primeiro dia. Estava totalmente impossivel passar ali de bicicleta. Onde era cascalho...parecia uma cachoeirinha, onde era barro...tinha virado lama e onde tinham folhas caidas...tinha virado uma "sopa de folha", impossivel de pasas pedalando. Quando cheguei do outro lado, em Roncesvales, fiquei sabendo que estava entre os quatro ciclistas que tinham tomado, essa "talvez" insana decisao.




Nesses 18km, voce sai de 150m de altura...e vai a 1438m. Empurrar a bicicleta, ladeira acima, de sapatilha de bicicleta(detalhe: nao sao impermeaveis), nao foi nada facil. Mas a gente subestima muito nosso corpo. Essa maquina e capaz de coisa que ate Deus duvida. Aliás, no quilometro cinco, foi a primeira vez que tive que conversar com ele.
A alguns anos atras, tive uma experiencia espiritual bem impressionante para mim, principalmente por nao ter pedido aquilo e por nao estar em nenhum local digamos.. de culto.

Nessa experiencia, o "sujeito" que apareceu, me disse que eu nao precisaria nunca pedir proteçao a ninguem, pois a minha volta haviam muitas pessoas que ja tinham partido...cuidando de mim. Desde entao, chamo eles de "meus anjos".Nao sou um cara que sigo nenhuma religiao, mas tenho fé em várias coisas. Na hora do desespero, ajuda muito.


E ontem foi um dia em que precisei muito dos meus anjos... e eles estavam lá.

O tempo só piorava, e passando por um abrigo, parei para tomar um café. Nao dava nem vontade de tirar fotos...so queria que aquilo acabasse logo. Alguns metros depois, "esbarrei" com o Conrado. Numa coincidencia incrivel, tinha conhecido ele a quase dois meses atras, numa loja de esportes de aventura no Donwton. Ele estava mais rapido que eu...e logo passou. Aliás isso era o mais difícil. Eu carregava morro acima o peso de duas ou tres mochilas, e os caminhantes...passavam.

No alto do morro, pensei:"É...tá achando que isso aqui é para qualquer vagabundo?!rsrr" e logo lembrei de meu padrinho que infelizmente já partiu. Ele me tratava carinhosamente de "oh vagabuundo!" e logo as tais lagrimas que insistem em me acompanhar na viagem reapareceram.

Mas a certeza de que ele é um dos anjos que me protegem, me deu uma força incrivel e passei uma pirambeira de barro e pedra, que nunca achei que iria passar.

Depois do topo, sabia que teria uma descida grande. E era, ainda com algumas subidas, mas bem mais leves. No último trecho, tinha sido alertado para evitar o bosque e descer pelo asfalto...depois daquilo tudo...perder nos penaltis? Fui pelo bosque.

Cruzou por mim uma senhora japonesa, cantando uma linda cançao. Me lembrava a vo da Flavia, minha ex-mulher(um beijo se vc estiver lendo isso ), tenho certeza que arrancaria lagrimas dela.

Logo descubri porque nao era aconselhavel descer por ali de bicicleta. A descida se transformou em um donwhill extremamente tecnico. Mas dessa parte eu gostei...rsrs.


Passei novamente por Conrado e ele me disse que dormiria em Burguete, resolvi fazer o mesmo e fiquei no mesmo hostel que ele. Jantando com um brasileiro...detalhe, do Jardim Botanico..rsrs..terminava só o primeiro dia. Havia exorcisado os Pirineus.

O segundo dia foi bem "mais tranquilo"...eu diria "mais normal". Muitas decidas, mas que com a bicicleta, nem sempre isso é sinonimo de faciliade. O bagageiro pesado, pedras pontiagudas, muita lama da chuva do dia anterior e alguns desfiladeros, tornam o caminho um prova de montainbike. Lembrei das trilhas de uma decada atras, com o amigo e irmao, Leandro.
Mas hoje deu para começar a curtir a brincadeira. Rodei 50km e percorri o equivalente a dois dias a pe. Vou tentar começar com essa média e aos poucos ir aumentando.

Passamos por lindos campos, montanhas e vilarejos abandonados pelo tempo. E a sempre presente seta amarela, me ajudou a cumprir meu objetivo de hoje: Cizur Menor.

O frio ainda está apertando, mas a chuva deu uma tregua e hoje só peguei um pouco de garoa.

Me instalei no albergue de peregrinos, encontrei um dos brasileiros que estavam no trem de Paris e vamos sair no vilarejo para jantar algo.

Sempre que puder, posto notícias. Beijos e muita saudade de um chopinho no Rio de Janeiro, com os amigos queridos!


Gian Carlo Bellotti

























sexta-feira, 30 de abril de 2010


Estava realmente bem nervoso...fazia tempo que nao me sentia assim... um caldeirao de emocoes na cabeca e ainda tinha a despedida dos meus pais na estacao de trem, parecia ate cena filme.


Olhei para tras, dei o ultimo adeus, respirei fundo e parti em busca do meu vagao. 32, 30, 29..."hei, amigo, vc tambem e brasileiro, nao e?...pelo amor de deus, como funciona esse negocio aqui?", um atordoado brasileiro, parecendo eu a dias atras, me pedia ajuda.


Com firmesa e seguranca, expliquei onde era o vagao, mostrei que eles nao tinham valiado o bilete e que nao se preocupassem, pois o trem so saria em 20 minutos. Tanta seguranca, que eles passaram o resto da viagem, achando qu eu ja tinha feito o caminho mais de uma vez..rsrs. Reafirmando o "poder do acaso", todas aquelas pessimas e engracadas experiencias com os trens na Europa, tinham me preparado para esse momento. Por isso que eu sempre digo... as cagadas da vida, viram apredizado, para quem sabe olhar para o lado bom delas...sem contar que vira historia para contar, ne?


No caminho pela plataforma; era possivel ver outros peregrinos, facilmente representados por suas roupas, botas, mochilas e claro a concha, simbolo utilizado para "marcar", os chamados "concheiros"... e agora, eu era um deles.


Curiosamente, eu, os tres brasileiros e mais um que vim conhecer no meio da viagem, estavamos no mesmo vagao. Dessa vez de TGV, logo, reconheci o lugar para colocar a bicicleta(que eu tinha decido levar desmontada, devido as ultimas ocorrencias...rsrsr) e fui para a minha confortavel poltrona. Minha poltrona era virada ao contrario, e olhando para Paris, o trem comecou a se mover. Ficava para atras a primeira etapa da minha viagem. Comecei a lembrar de muita coisa aue tinha passado nesses poucos e intensos dias e de novo deu vontade de chorar(acho que to ficando igual a minha mae...rsrs..uma manteiga..), olhava pela janela e derrepente uma lua inacreditavelmente linda descurtinou pelo vidro. Tive a certeza de que muita coisa ainda estava por vir...
A viagem pela madrugada foi suave e consegui dormir tranquilo, acordei perto das 6hs da manha. As 6:30, chegamos a Bayonne e ate o horario do onibus para Saint Jean (8:10hs), trocamos ideias, experiencias e percebi que na estacao, era o unico de bicicleta.

Cabecas, em sua maioria brancas, esperavam ansiosamente pelo "autocar", que nos levaria ao inicio da caminhada.





Acreditem ou nao, a "Dn.Maria"(sem nenhum preconceito, so relatando um fato..rsrs), conseguiu se perder na ida para a cidade, sim, a motorista do onibus...nao sabia o caminho. Algumas rotatorias depois, estavamos com a "proa" apontada para Saint Jean Pied de Port.

Chegamos na cidade e o ponto do onibus ficava um pouco distante do centro, imaginava o martirio que iria ser carregar aquela tralha pelas ladeiras do vilarejo. Carregar? Mas calma ai, eu estou de bicileta! Parei no meio da rua, na frente da casa de uma senhorinha, que olhova assustada pela janela, abri o mala bike e comecei a montar a bicicleta ali mesmo, aproveitando a tregua da chuva, me despedi dos amigos brasileiros(que pretendinhqm andar hoje mesmo ate o primeiro ponto - 8km),montei rapidinho a bike e sai...pedalando!



Com o mala bike na garupa, pensava como iria me livrar daqueles 4 quilos, agora, temporariamente sem utilidade.



Na terceira rua que virei, dei de cara com o correio, nao pensei duas vezes. "Querida, quero mandar isso para Santiago.", "Mas para qual endereco.", "Nao sei, qualquer um", bom e ao que tudo indica...vejo a mala, no correio central de Santiago de Compostelas, dentro de alguns dias.


Agora era hora de arrumar um lugar para dormir, diferente de meus novos amigos, minha ideia era me presentear com uma boa cama, um bom chuveiro e uma saborosa comida. So partirei amanha.

Por 68 euros(o mais caro aue paguei ate o momento), consegui um bom hotel, bem localizado e com todos os requesitos que queria.

Sai para conhecer a cidade e ir no local de assistencia aos peregrinos receber meu primeiro carimbo. Como se fosse um passaporte, a credencial da direito a dormir nos refugios publicos e os carimbos sao a comprovacao de que voce passou por aqueles lugares. Depois de pegar informacoes e dicas com a voluntaria, pude ler na parede da umida "garagem", que no ano de 2009, 413 brasileiros passaram por aqui. Agora em 2010, ja fazia parte da proxima estatistica.

Andei um pouco mais, comprei uma boa capa de chuva( pois alem do tempo bem mais frio que Paris, as nuvens carregadas, nao estao ajudando muito...) e a ideia hoje e descansar para sair bem cedo amanha.

Estou um pouco ansioso para encarar os Pireneus. Amanha tenho que subir um desnivel de 1400m, em 27 quilometros. Nesse primeiro trecho(um dos mais dificeis), nao temos muitos pontos de reabastecimento de agua, nem de comida e depois de tudo que li, temo ele desde o primeiro dia que
resolvi encarar essa...e vou encarar...so tinhosooo! rssrr.


Bom, vou procurar um "marche", para fazer um pequeno farnel para amanha, revisar a bike na garagem do hotel, tomar uma sopa quente e tentar dormir...claro...se o fantaasma do Pirineu, assim deixar...rsr.


bjs e ate o proximo post...espero eu, ja na Espanha,

Gian Carlo Bellotti